domingo, 27 de outubro de 2013

Colapso em Boqueirão – apenas 25% do volume estaria disponível para consumo, diz ambientalista – Aesa, ANA e Ministério Público avaliam situação


A Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), se reúniu na quinta-feira (24) com representantes do Ministério Público, Agência Nacional das Águas (ANA) e irrigantes para fazer uma nova avaliação do açude Epitácio Pessoa. O encontro aconteceu na sede de Promotoria do Meio Ambiente, em Campina Grande.
O reservatório, mais conhecido como Boqueirão, tem capacidade para acumular mais de 411 milhões de metros cúbicos de água e atualmente está com pouco mais de 41% de sua capacidade. Por conta do nível do açude, que abastece Campina Grande e outras 20 cidades do Compartimento da Borborema, a ANA restringiu o consumo. Desde a segunda quinzena de julho, só podem ser irrigadas áreas com até cinco hectares.

As últimas chuvas que deram recarga hídrica no Açude Epitácio Pessoa ocorreram no período de janeiro a abril de 2011, Campina Grande e região está há praticamente 30 meses só consumindo, foram os oito meses restantes de 2011, todo ano de 2012 e até agora todos os meses de 2013. Em 24/10/2013 o reservatório tinha pouco mais de, apenas 41%.

Alerta
Com dados da ANA/DNOCS/AESA o ambientalista Ramiro Manoel Pinto Gomes Pereira, Doutor em Recursos Naturais, Mestre em Engenharia de Produção, Especialista em Inovação e Difusão Tecnológica, Bacharel em Administração de Empresas, Professor da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA e Analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, anuncia o colapso do manancial na sua pagina no facebook afirmando que, 16,0% do volume total de água no açude de Boqueirão é o “porão”, sendo assim, dos 41,0% do volume total existente, restariam apenas 25,0% para o consumo de mais de 1.000.000 de habitantes de Campina Grande e outras 20 cidades do Compartimento da Borborema.
“Vamos aproveitar a reunião para apresentar ao Ministério Público as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo do Estado, em parceria com a Ana, para garantir abastecimento de Campina. São medidas duras para os grandes irrigantes, mas que precisam ser aplicadas para garantir a segurança hídrica desta região. Racionalizando agora vamos evitar problemas maiores no futuro. Daí a necessidade de ampliar a fiscalização e detectar as perdas”, disse o presidente da Aesa, João Vicente Machado Sobrinho.
Desperdício zero
O Governo do Estado, por meio da Cagepa, está investindo aproximadamente R$ 5 milhões na automação do sistema integrado de Campina Grande e região. De acordo com o diretor de Operação e Manutenção da Cagepa, o engenheiro José Mota Victor, a medida possibilitará um controle em tempo real dos dados de produção e consumo, evitando o gasto inútil da água. “Isso será fundamental para a implantação de um plano de controle de perdas. Além disso, os níveis dos reservatórios também serão conhecidos instantaneamente, de modo a evitar extravasamentos ou desabastecimentos provocados por níveis baixos”, destacou José Mota.
Histórico do abastecimento em Campina Grande-PB
Segundo o ambientalista, Campina Grande, já foi abastecido pelo Açude Velho (1830), pelo Açude Novo (1830), pelo Açude de Bodocongó (1917), pelo Açude de Puxinanã (1828), pelo Açude Vaca Brava (1939) e pelo Açude Epitácio Pessoa (1957).
O Açude Epitácio Pessoa, popularmente conhecido como Açude de Boqueirão, construído na década de 50. O volume do açude foi reduzindo em 24% de sua capacidade, no início estimado em 536.000.000m3 no ano de 1957, para 411.686.287m3 no ano de 2009, segundo a batimetria realizada, o que representa praticamente o volume de consumo de um ano inteiro para os mais de 1.000.000 de pessoas.
A climatologia da região da Bacia Hidrográfica do Alto Curso do Rio Paraíba e da Sub-bacia do Rio Taperoá, que desaguam no manancial, apresenta apenas média de 200mm a 400mm de chuva. Agravado pela construção a montante de aproximadamente 30 açudes médios e em torno de 1.900 açudes pequenos ou barramentos, que neste período de estiagem encontram-se praticamente secos, ou com pouquíssima quantidade de água (muitas vezes, já sem qualidade!).

Nenhum comentário:

Postar um comentário